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Conheça o Dicionário da Memória Coletiva

Em 09/11/18 17:08. Atualizada em 27/07/20 10:44.

Os debates sobre a memória tem sido temas muito presentes na esfera pública nos últimos anos. Baseado nisso o Dicionário da Memória Coletiva traz uma proposta de releitura moral do nosso passado recente no que se concerne a memórias do horror, se tornando uma reflexão política da segunda metade do século XX e início do século XXI. Assim como considera o historiador e sociólogo norte americano John Torpey (Politics and the Past: On Repairing Historical Injustices, 2003), o aumento da preocupação com a memória se tornou um fenômeno que foi suplantado, na política contemporânea, as formas visionárias de imaginar o futuro.

 

O trabalho com a memória pode nos ajudar a colocar em primeiro plano a figura da vítima e fazer da empatia, uma capacidade de se colocar no lugar do outro, com o centro da reflexão moral sobre o que permanece em nós desse passado, e acima de tudo, sobre como devemos nos posicionar diante dele. Assim, como afirma a socióloga argentina Elizabeth Jelín, "falar de memória significa falar do presente. A memória não está falando do passado, mas da maneira como os sujeitos constroem um sentido do passado em sua ligação (...) com o presente e um futuro desejado".

 

Em uma realidade de aumento significativo de estudos acadêmicos sobre memória coletiva, museus e lugares de consciência no mundo inteiro, querendo ou não, a memória ainda não é parte trivial de nossa agenda de cidadania, reivindicações políticas e produções culturais. O dicionário então se torna uma ótima oportunidade para levar ao público um trabalho introdutório de reflexão coletiva sobre o tema e proporcionar "instrumentos analíticos" pensados para ajudar a orientar aqueles que querem aprofundar um pouco mais sobre as questões.

 

O Dicionário da memória coletiva foi dirigido pelo professor de história da Universidade de Barcelona Ricard Vinyes, começou em 2010 mas só foi concluído em 2017.  O resultado final é um volume de 600 páginas que conta com um total de 272 ártigos, realizados por 187 autores. O volume conta com uma coleção de 43 imagens, uma lista de 19 filmes e por enquanto só está disponível em espanhol.

 

Os temas trazidos envolvem a memória do nazismo e da repressão soviética, ditaduras latino americanas, o discurso de Allende no palácio de Moneda e outros. A dificuldade de se cristalizar e definir acontecimentos ao redor do mundo trouxe uma lacuna no que tange à respeito da Asia e África, e deixou de fora alguns temas como o horror cometido com os negros no Cais do Valongo do Rio de Janeiro e outros.

 

O dicionário está disponível gratuitamente e você pode acessa-lo clicando aqui.

Fonte: El País